Professores Crônicos


Professores Crônicos        

Neste espaço você encontra algumas das produções dos professores. Com certeza você não encontrará crônicas tão criativas ou divertidas quanto dos alunos, porém esperamos sinceramente que um bom momento de leitura.
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A mulher do Metrô – prof. Ivo Lim, Filosofia

“Aprender a arte de conversar com os outros é apenas metade do caminho. Você tem que aprender a arte de ouvir o que elas dizem também” (autor desconhecido)

            Dia 22 de Janeiro de 2005, manhã de sábado chuvosa, tomei o metrô na estação Santana, Zona Norte da capital de São Paulo, e eis que uma mulher aparentando 30 anos de idade também tomou-o. No decorrer de algumas estações mudou-se de lugar duas vezes, estava muito irritada com alguns passageiros, porque, segundo ela, conversavam assuntos sem proveito e em tom estridente.
            Sentou-se ao meu lado, e comentou que havia trabalhado a noite inteira num hospital super lotado de pacientes com variados problemas de saúde.
            Emendou em seguida, que o tempo chovia demais; isso também a deixava muito estressada no trajeto ao trabalho, preocupações com a família e com a casa.
            Coincidentemente, eu estava lendo as últimas paginas de um livro que fala sobre os dez mandamentos da ética e apontava para a importância em agir bem, ser bom, ser ético.
            Quando percebi que aquela mulher, embora tivesse bastante irritada com as conversa de alguns passageiros, começou a puxar assunto, imediatamente fechei o livro e dei atenção a ela.
Notei que ela estava interessada em falar, mais do que em ouvir, e a melhor coisa que eu tinha que fazer naquele momento era ouvi-la.
            Esse fato mostrou bem como é a vida numa grande metrópole.
            As pessoas enfrentam uma rotina massacrante, de muito trabalho, pouco dinheiro, pressa, tensão; mesmo no meio da multidão, elas se sentem sozinhas, desprotegidas, apreensivas, irritadas, sem paciência e, muitas vezes, agressivas; a vida é cada um para si e Deus por todos, mas, ao mesmo tempo, os cidadãos vivem ansiosos para conversar com alguém, desabafar, falar dos problemas, de suas preocupações, medos e sonhos.
            O que me chamou a atenção nesse fato, também, foi o semblante dessa mulher, que necessitava de atenção. Enquanto ela falava, olhei em seus olhos e a ouvi atentamente. Esta atitude de escuta permitiu que ela falasse de seu trabalho corrido, muito difícil no interior de um hospital, desabafasse, aliviasse a tensão e até sorrisse.
            Essa situação me ensinou, ainda, o quanto é importante saber ouvir as pessoas.
            Evitar tratá-las, à primeira vista, com ar de reprovação, indiferença, julgamento apressado, ou outra atitude defensiva qualquer.
            Após algumas estações percorridas, antes de descer, despediu-se de uma maneira com se já me conhecesse por algum tempo e de algum lugar. Do mesmo modo, também desejei-lhe um bom dia, a porta do metro se fechou e ela seguiu seu caminho.
            A conclusão que eu tiro da mulher do metrô é a seguinte: ao mesmo tempo que as pessoas precisam muito de atenção no corre-corre da vida numa cidade grande, elas também não conseguem dar atenção aos outros. Isso ocorre, entre outros fatores, devido suas preocupações, o grau de tensão e estresse que vivem em seu cotidiano.
            Ninguém conhece ninguém, vive-se com receio do outro e a solidão embala a vida das pessoas nos grandes centros urbanos.
            Superar essa realidade de isolamento e solidão é o grande desafio para todos.

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Djemba-Djemba - por Isaac II, Arte

Djemba-Djemba. Pode até ser que você, conhecedor e fã de futebol saiba que eu estou falando do meia do Manchester, mas para mim que meia é muito mais uma peça do vestuário, Djemba-Djemba passaria tranquilamente por um novo estilo dessas “dancinhas”, que vêm, deixa todo mundo enlouquecido ou emburrecido e desaparece da mesma forma que havia chegado.
Nem sei o porquê estou dando essa volta toda no meio de campo antes de avançar logo, melhor seria se eu simplesmente permanecesse na banheira – porque agora percebo que além de não entender nada de futebol também não sou lá muito bom para escrever.
Se bem que eu gostei desse substantivo, se é que isso é um substantivo. Djemba-Djemba, Djemba-Djemba, Djemba-Djemba...
É gostoso de repetir tais palavras, algo como “hakum-na-mataka”.
Deveria terminar essa crônica por aqui... Ah, se o jogador meio-campista camaronês Eric Djemba-Djemba não tvesse atropelado uma adolescente, juro que terminava por aqui, terminava assim, repetindo por inúmeras vezes Djemba-Djemba.
Mas fato é que Djemba-Djemba atropelou uma adolescente. Estava ela atravessando a rua tranquilamente e, “pum-djemba-plaft-djemba”, foi atropelada a pobre menina.
Se pobre não sei, na verdade a noticia não dizia nem se ela passa bem, só disse que pobre pra dar um resultado interessante e quem sabe tocar em seu coração para as milhares de jovens e crianças que morrem com a guerra na Palestina.
O que tem tudo isso a ver?
Você é quem sabe. Eu, bem... Eu viciei em Djemba-Djemba, Djemba-Djemba, Djemba-Djemba...